sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

História de Natal - Para não perder o hábito

"Era meia noite, o sol brilhava no horizonte..."
Era só um pobre homem, que de seu não tinha nada; era cego de um olho, em compensação faltava-lhe o outro; não tinha perna direita, porém tinha duas esquerdas e tortas; nascera sem a mão esquerda e, como era canhoto, perdera a mão direita, por falta de jeito; Como era mudo, seu pai um dia pensou que ele não respondia por falta de educação e lhe deu dois pescotapas no pé d'oreia, deixando-o surdo. Um dia, sentindo o cheiro de queca no ar, percebeu que era natal...
Seu coração se encheu de alegria e ele, mesmo estando nu, pensou com seu botão: "preciso comprar um presentinho para minha mulher e meus filhos", mesmo que não os tivesse. Mulher ele quase teve, mas ela o abandonou porque ele nunca usava a aliança. "É porque eu nao tenho braços..." ele tentara argumentar, ao que ela respondera: "Desculpa de aleijado é muleta, isso é golpe de joão-sem-braço!" e foi embora para nunca mais, antes que tivesse qualquer chance de tentar encomendar qualquer filho; só dois meses depois é que foi sorteado no consórcio do Viagra...
Dirigindo-se à Savassi, percbeu que não tinha nem um tostão furado no bolso, e nem bolso. Como não falava, tentou usar um olhar pidão para comover as pessoas e ganhar um dinheirinho. Esbarrou na primeira pessoa que achou e ficou lá, olhando com cara de pateta, mas o Roberto Drumond, todo bronzeado, nem se mexeu. Quando se deu conta da frieza do rapaz, saiu caminhando até esbarrar em uma senhora que lia. Para chamar-lhe a atenção, tentou cutucar-lhe o ombro com o nariz, no que ouviu um grito: "tem um tarado pelado beijando o pescoço da Henriqueta Lisboa!!!" - e a turba, enfurecida, desceu-lhe o cacete. Correndo, desorientado, foi para o meio da rua e, apesar do sinal fechado, foi atropelado por um motoboy que que passava no "corredor". Consternado ao ver a pobre figura estendida no asfalto, o motoqueiro exclamou, compungido: "Fiadaputa!", acertando-lhe a testa, ui festa, com o capacete.
Já mal se agüentando, ele persistiu. "Inês Istente, minha filhinha, Hernandez Aparecido, meu filho, este natal não vai passar em branco!", prometeu em silêncio. Escurecia. A estrela Vésper surgia no horizonte. Escutando ao longe as canções natalinas, Juntou suas últimas forças, ajoelhou-se, ergueu as mãos aos céus e, olhando para a estrelinha, bradou uma singela oração:
"Estrelinha que pisca, pisca
Quem não arrisca não petisca
Quem não rela, não trisca
Você é uma boa bisca
Acabou a rima
Me ajuda eu aí, ôu!"
E então desfaleceu jogado na sarjeta. Exatamente à meia-noite, foi acordado pela enxurrada. Levantando os olhos cheios d'água, pois chovia torrencialmente, e viu, ali, junto a sua face, aquela botinha toda preta, lustrosa, de bico arredondado...

Tomado de emoção, balbuciou, em êxtase:
- És tu, Papai Noel?
- Papai Noel é a puta que te pariu, viado!!! - respondeu o PM irado, dando-lhe um chute na boca e arrancando seu último dente...


A todos meus votos de um Feliz Natal e um Ano Novo de arrebentar!!!

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